DOENÇA DE ALZHEIMER

 A principal causa de demência em indivíduos com mais de 60 anos


O envelhecimento é o maior factor de risco para o surgimento da doença de Alzheimer. Embora indivíduos mais jovens possam ser diagnosticados, é a partir dos 65 anos que a doença, que se caracteriza pela morte de células cerebrais, mais se manifesta. Instala-se insidiosamente, com agravamentos progressivos, lentos e irreversíveis.
A memória é a primeira a ser afectada, mas, subsequentemente, outras faculdades mentais e físicas entram em declínio, chegando o doente, nos estádios mais avançados, a perder toda a autonomia.
Trata-se da principal causa de demência. Em Portugal, estima-se que cerca de 90 mil pessoas sofrem da doença de Alzheimer, e, na Europa, mais de quatro milhões. E pensa-se que os casos dupliquem nos próximos trinta anos - até porque se trata de uma doença associada ao envelhecimento, e cada vez mais a esperança média de vida tende a aumentar.
As causas da patologia não são ainda conhecidas, embora a comunidade científica admita que seja uma doença geneticamente determinada, se bem que não necessariamente hereditária (transmissível de pais para filhos).

Factores de risco
Se é verdade que não podemos lutar (ainda, dizem os entendidos) contra uma predisposição genética, nem contra o envelhecimento, podemos, pelos menos, ficar a par de outros factores de risco evitáveis.
De facto, vários estudos científicos têm demonstrado que os maus hábitos alimentares e a falta de exercício físico contribuem para o desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Um dos mais recentes, levado a cabo pelo Centro Médico da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, assevera mesmo que praticar regularmente actividade física e fazer uma dieta mediterrânica pode reduzir o risco de sofrer da doença até 60 por cento.
Também outras pesquisas sugerem que identificar e tratar precocemente factores de risco cardiovasculares, colesterol elevado, hipertensão arterial, tabagismo e diabetes, pode ser importante para combater doenças como o Alzheimer, já que essas condições, mesmo que isoladas, parecem estar associadas a um risco maior de desenvolver demência.
Outro factor que se julga de risco para desenvolver essa patologia é a depressão. Segundo uma equipa de investigadores norte-americanos, da Clínica Mayo de Rochester, o risco para as pessoas que sofram de depressão é 30 por cento mais alto que para as outras.
É verdade que pode não ser possível a completa prevenção da demência, mas pelo menos, sabemos que há factores de risco não genéticos, evitáveis, que contribuem para desenvolver a doença de Alzheimer.
Sintomas
A Alzheimer Portugal, Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer (APFADA) refere que, no início, os sintomas da doença são «os pequenos esquecimentos, normalmente aceites pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento».
No entanto, há diferenças entre um esquecimento normal e a perda de memória devido à doença de Alzheimer. De acordo com o livro Alzheimer’s Disease, as divergências são as seguintes:

Esquecimento Normal
  • Geralmente prevalecem detalhes inconsequentes, por exemplo, nomes de familiares distantes

  • Não associado com outros problemas neurológicos, como dificuldades com o raciocínio, aritmética e linguagem

  • Muitas vezes a informação é relembrada mais tarde, usualmente com todos os pormenores

  • Consciência de não se conseguir lembrar e geralmente ficar preocupado com isso

  • A perda de memória é facilmente remediada por treino, fazendo listas, dando indicações, etc

  • É por vezes irritante e frustrante, mas nunca interfere significativamente com as actividades profissionais ou sociais

  • Qual é a última coisa de que se esqueceu? Se consegue lembrar-se de alguns detalhes do evento, provavelmente não terá Alzheimer

Perda de Memória causada por Alzheimer
- Muitas vezes há esquecimento de detalhes significativos, como o nome dos netos 

- Está sempre associada com uma diminuição das capacidades nos cálculos e nos raciocínios

- Por vezes a informação é simplesmente esquecida, sendo impossível de a recuperar 

- Muitas vezes existe indiferença. «Não é importante» ou «Eu não preciso saber isso» são reacções comuns

- O treino não ajuda em muito, e tem de ser diário

- Interfere significativamente com as actividades profissionais e sociais

- Até o acto de esquecimento é esquecido. A pessoa desconhece (não se consegue lembrar) de que alguma vez existiu um problema.

Para além da perda de memória, a APFADA identifica mais nove sintomas típicos da Doença de Alzheimer:

- Dificuldade em executar as tarefas domésticas
- Problemas de linguagem
- Perda da noção do tempo e desorientação
- Discernimento fraco ou diminuído
- Problemas relacionados com o pensamento abstracto
- Trocar o lugar das coisas
- Alterações de humor ou comportamento
- Alterações na personalidade
- Perda de iniciativa

Note-se que, assim como a perda de memória na pessoa com doença de Alzheimer difere do esquecimento normal, também estes sinais são diferentes de problemas decorrentes do quotidiano. 

Por exemplo, em relação a problemas relacionados com o pensamento abstracto: por vezes, as pessoas podem achar que é difícil fazer as contas dos gastos, mas alguém com a doença de Alzheimer pode esquecer completamente o que são os números e o que tem de ser feito com eles.

Ou em relação a problemas de linguagem: toda a gente tem por vezes dificuldade em encontrar a palavra certa. Porém, uma pessoa com Alzheimer pode esquecer mesmo as palavras mais simples ou substituí-las por palavras desajustadas, tornando as suas frases de difícil compreensão.
Como se trata de uma doença progressiva, pode-se encarar os sintomas e as consequências da Doença de Alzheimer como divididos em três estádios.
No primeiro, em que a doença é ainda ligeira, há uma incapacidade real de aprender ou memorizar coisas novas, a comunicação verbal começa a ser afectada, perde-se gradualmente a capacidade de ler, escrever e resolver problemas matemáticos simples. Há desorientação espacio-temporal, ao mesmo tempo que o doente começa a aperceber-se da doença, gerando-se grande ansiedade e medo.
Num segundo estádio da doença, entre ligeira e moderada, ocorrem delírios, alucinações, agressividade, mudanças de personalidade, agravam-se os problemas de memória, há dificuldade em interpretar estímulos, como tacto, paladar, vista, audição, dificuldade em falar e escrever, insónia e incontinência, e impossibilidade de sair à rua sem acompanhamento.
Numa terceira fase, quando a doença é severa, as funções cognitivas desaparecem quase por completo, perde-se a capacidade de reagir aos estímulos, de entender ou utilizar a linguagem, de andar, sentar, sorrir e engolir.A incontinência passa a ser total, há rigidez corporal, redução da massa muscular e perda de peso.
Diagnóstico

«Infelizmente, os sinais e sintomas da Doença de Alzheimer continuam frequentemente a ser erradamente confundidos com sinais de envelhecimento normal», afirma Pedro Neves, da APFADA.

Não há nenhum exame que permita diagnosticar, de modo inquestionável, a doença (a única forma de o fazer é examinando o tecido cerebral obtido por uma biopsia ou necrópsia), somente marcadores que dão alguma indicação de predisposição.
Assim, o diagnóstico da doença de Alzheimer faz-se pela exclusão de outras doenças, com 80 a 90 por cento de certeza.

Os médicos testam as capacidades cognitivas dos doentes tais como a memória, a atenção, a linguagem, a capacidade do doente em resolver problemas e usam a imagiologia cerebral para aumentar a probabilidade de se obter um diagnóstico correcto. Podem ainda ser feitos exames de sangue, tomografia ou ressonância, entre outros. 

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